Por: Gilmar Ferreira em
Há diversas maneiras de se avaliar o trabalho de um treinador.
Mas tenho absoluta convicção de que no Brasil o excesso de competições no calendário apressa o desgaste e a distorção nas análises.
Em nenhum outro país do mundo o técnico disputa quatro torneios numa mesma temporada – e com a obrigação de vencê-los!
Mesmo que tenha chegado no ano em disputa, e que os núneros lhe sejam dos mais favoráveis.
E os exemplos de Abel Braga, no Flamengo, e Fernando Diniz, no Fluminense, são perfeitos para a reflexão.
Um põe o time em campo hoje para enfrentar o Corinthians, em São Paulo, sob o olhar desconfiado e contrariado de parte da torcida.
O outro dirige o time num jogo contra o Cruzeiro, no Maracanã, sabendo que o quinto tropeço em seis jogos lhe trará sérios problemas.
As duas partidas são válidas pelas oitavas da Copa do Brasil e a passagem de fase ao final do “playoff” vale não só bom dinheiro, como o sonho de conquista.
Mas dá para levar a sério o desejo de troca no comando de um time ainda fase de montagem – e que tem saldo positivo?
O Flamengo de Abel conquistou três dos quatro troféus disputados – e, neste caso, não importa a compexidade do evento.
Tem 16 vitórias e só quatro derrotas nos 26 jogos realizados.
Diniz registra números mais modestos, mas também favoráveis: venceu 13 e perdeu oito dos 27 em que esteve à frente do time do Fluminense.
E o que me diverte é saber que tem gente pedindo a demissão de Abel no Flamengo porque o time não tem um bom padrão de jogo.
E, no caso do Diniz, a cobrança é por resultados, com uma ala da torcida tricolor dando de ombros para a filosofia de jogo.
Afinal, o que se deve olhar em primeiro plano, desempenho ou resultado?
Em minhas análises, levo em consideração os resultados porque sei que, na última linha, o torcedor olha mesmo é para isso.
E a partir do número de pontos obtidos passo a olhar o tempo de trabalho e o estilo de jogo empregado, de acordo com o que se tem disponível.
Cobro futebol mais imponente do Palmeiras de Felipão do que do Flamengo de Abel.
Mais do Grêmio de Renato do que do São Paulo de Cuca.
E por aí vou.
Não lembro, confesso, de uma atuação que possa chamar de sensacional do Palmeiras de Felipão, em 2018.
Ou do Corinthians de Fábio Carille, em 2017.
E até do Palmeiras de Cuca, em 2016.
Mas não esqueço que os três foram campeões.
Porque é o que vale.
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